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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

o ateísmo da MODA- o retrato de uma era OBSCURA‏

Alucinógenos, conspiração, disco-voadores, duendes - esta é a salada do moderno misticismo

O modismo da chamada militância ateísta na Europa e nos Eua, encabeçada por gente como o biólogo Richard Dawkins e o “filósofo” Sam Harris, é surpreendente, senão um enigma do universo. É curioso que livros como “Deus, um delírio” e “Carta a uma Nação Cristã”, dado um exemplo, tenham tanta notoriedade nos meios pretensamente cultos, a despeito de visível e notória indigência intelectual. Ainda me lembro de uma amiga, estudante de mestrado, soltando a seguinte pérola: - Ahhhhhhh! Dawkins é muito respeitado na universidade de Brasília. Pensei cá com meus botões: deviam fechar essa pocilga, essa merda!
De fato, quem, ao menos, folhear as obras destes sujeitos, perceberá que não há o que poderemos chamar de “argumentação”. Na verdade, são um conjunto de estereótipos, clichês e palavras de ódio contra a religião e os religiosos, extraídos da velha cantilena cientificista ultrapassada do século XIX. Ou na melhor das hipóteses, são falácias extraídas do iluminismo do século XVIII e somadas com novas mentiras inventadas no século XX. É pior: a leitura desses livros não serve para debatedores sérios e sim para seduzir leigos, ignorantes que são da história e teologia cristã. Cheias de adjetivações, falsas correlações e induções sofisticas de raciocínio, tais obras são panfletos de fanática militância, nada muito “racionais” ou “científicos”, (embora os seus autores julguem sê-los). Quando Dawkins formula algumas perguntas ou quando Harris dá respostas, eles discutem tão somente a compreensão do homem comum sobre a religião. Todavia, para o bom conhecedor, os dois demonstram uma completa ignorância no assunto. Salvo, é claro, nos velhos rótulos com que a religião é difamada.
É um paradoxo que a linguagem vulgar da panfletagem anti-religiosa seja consumida como verdade sacrossanta em meios universitários supostamente criadores de conhecimento. Há muito tempo Deus foi banido da faculdade, em nome de uma cultura laicista. Não é por acaso que uma horda de bandoleiros ateus e comunistas se reuniu na universidade Sapienza, em Roma, para defenestrar o papa. Ateísmo, por assim dizer, se tornou “cult”, ainda que ninguém ouça a opinião contrária. Tal como estes militantes, a proposta de Harris e Dawkins não é discutir a religião, mas bani-la. E para isso, basta soltar meia dúzia de calúnias contra a fé em geral, e o cristianismo em particular, e calar a boca dos religiosos como previamente ignorantes, fanáticos e mitomaníacos. Uma tragédia assola a espiritualidade européia. A Europa se desvencilha das bases geradoras de sua civilização. E a doença espiritual ameaça a nação cristã norte-americana.

Drogas, alienação, perversão, imoralidade, cinismo, bruxas, LOUCURA- este é o novo misticismo oferecido às massas ávidas por soluções mágicas para o TÉDIO e para a INFELICIDADE crescentes
Interessante notar um argumento comum entre os ateus e que é o mantra de muitos de seus pregadores: a laicização completa da Europa é um sinal de modernidade, de evolução cultural. A religião, por assim dizer, é costume de gente ignorante e de nações atrasadas e a absorção do cristianismo nos países pobres, em particular, na África e na Ásia, é fruto de um atraso civilizador. O ateísmo público já é uma regra em alguns países do Velho Mundo e a tendência é o abismo acirrar mais, com a intoxicação cada vez mais gradual de laicismo na educação, na cultura e nos costumes do Velho Continente. Em específico, a UE é cúmplice deste projeto, ao criar uma espécie de moralidade biônica e politicamente correta, a despeito de varrer a cultura cristã do continente. Poucas nações corajosas resistem à mudança política e à revolução cultural, como a Irlanda e Polônia católicas. Porém, o laicismo é a religião do mundo europeu.
Outro argumento sofístico utilizado pelos materialistas é a superioridade iluminista da razão e da ciência sobre o pensamento religioso. Esta premissa parte de uma falsa perspectiva evolucionista de redenção histórica de presente e futuro sobre o passado, como se antes dessa época iluminada, só houvesse obscurantismo, decadência e trevas. Os mitos gerados sobre a Idade Média obscurantista (que é uma fantasia criada a partir do Renascimento) e os louvores descabidos dos processos futuristas, partindo da sanguinária Revolução Francesa e chegando pela genocida Revolução Russa, são farsas utopicas criadas pela mentalidade revolucionária dos laicistas. Nota-se que “razão” e “ciência”, vindo da boca de seus apologistas, não têm o sentido próprio daquilo que se quer dizer. Elas disfarçam o caráter ideológico do materialismo, outorgando-lhe uma autoridade moral que não possui. Até os liberais estão na moda laicizante. Estes podem aderir ao “fim da história”, aceitando livremente a economia de livre mercado e o Estado Democrático, ainda que isso implique num vazio espiritual e moral completo das formalidades jurídicas e das liberdades civis. São tão economicistas quanto os esquerdistas, com a diferença de os últimos serem mais espertalhões. Os liberais se vendem por tão pouco: podem aceitar a expressão formalista das liberdades, ainda que a cultura seja intoxicada de totalitarismo marxista.
Há algo que muitos paladinos liberais da democracia não percebem, por vesguice intelectual: os valores morais, jurídicos, políticos, filosóficos e culturais da civilização européia se devem ao cristianismo. Direitos inalienáveis à vida, à liberdade, a propriedade, a igualdade ou a dignidade dos homens, como valores supremos, só existem dentro de uma perspectiva em que o cristianismo é uma cosmovisão da realidade. O que se costuma chamar “direitos humanos” é tão somente uma forma laicizada de valoração cristã. O caso é que foi o cristianismo que fundamentou filosoficamente uma hierarquia de valores universais que deu substancia a existência desses direitos. A noção sacralizada da vida, da família e da existência humana como absoluta e universal está sendo substituída por uma visão moralmente utilitária, senão relativista destes conceitos. A figura de Deus, como criador do universo e coordenador das hierarquias harmônicas da ordem da natureza e da escalas éticas e morais do homem, está sendo substituída por meia dúzia de intelectuais e burocratas que querem moldar a humanidade a sua imagem e semelhança.
A Europa perde o sentido existencial de seus pressupostos filosóficos e morais e cai no niilismo. As ideologias atéias e materialistas, antes de serem meras elucubrações intelectuais particulares, são cosmovisões da realidade, pautadas numa idéia utilitária de moral e numa existência humana gerada pelo acaso. Ou mais, são justificadas por forças materiais impessoais da natureza. Antes de surgir o projeto político nazista e comunista, houve, anteriormente, uma perspectiva ideológica totalizante da realidade que produziu suas finalidades políticas. Muitos pensadores do século XIX começaram a negar a igualdade cristã de direitos entre os homens para forjar a teoria da evolução das espécies, da supremacia dos mais aptos e das raças superiores. Por outro lado, a ideologia materialista ocupou espaço na história, ao preconizar que as idéias são frutos da matéria e não do espírito e que o homem é tão somente um composto orgânico e biológico moldado pelo meio material. E que a realidade social é mera reprodução deste. Essas doutrinas não explicam, aprioristicamente, o sentido da vida humana ou a justificativa valorativa da existência do homem. O paradoxo é que, embora sejam ideologias utilitárias, tornam seus critérios fenomenológicos como verdades absolutas.
A perda do sentido da existência foi a maior crise espiritual do mundo ocidental no século XX. Foi ela que levou a Europa e o mundo a sucumbir ao pesadelo nazista e bolchevista. E, atualmente, quando o Velho Continente se depara com a propaganda ateísta de Dawkins ou Harris, nada mais absorve do que a moral utilitária, vazia e perversa que deu incremento às aberrações totalitárias do passado. Quando Dawkins reduz toda a existência humana pelo prisma da evolução das espécies e Harris descreve a ética em torno de um niilismo vulgar, eles nada mais reproduzem tudo aquilo que deu incremento ao vazio espiritual da Europa. Eles nada mais reproduzem Hitler e Stálin na teoria.
Curioso é perceber que a tentativa de empurrar o cristianismo à esfera privada tem o sentido de concretizar aquilo que os ateus militantes sempre quiseram fazer: transformar a cosmovisão teológica do Cristianismo numa mera crença, num mero capricho, numa mera “superstição”. Se a fé cristã é supersticiosa, os arautos do ateísmo inventam novas superstições, novas formas de conceber o mundo dentro do materialismo. O evolucionismo, o marxismo, o positivismo, e outras demais crenças laicistas, querem virar uma espécie de consenso existencial e público, uma nova cosmovisão teológica, uma forma de moldar crenças da realidade. Daí a entender que as aberrações morais relacionadas à eutanásia, ao aborto, ao casamento gay e à pedofilia ganhem um caráter jurídico no mundo europeu, ainda que se esvaziem de pressupostos morais. O cristianismo essencial que sacraliza a vida está sendo revogado nas suas raízes. Se as raízes são extraídas, os frutos apodrecem. Por este aspecto, no mundo laico, a vida e a família não são mais sagradas, a prática heterossexual não é mais natural e a existência humana é apenas um dado ocasional, uma mera convenção do absurdo.
A conseqüência básica da renúncia da fé cristã na vida pública é o esvaziamento da moralidade na conduta social, jurídica e política. Tudo o que é essencialmente cristão na substância, só permanecerá na aparência. A mesma comunidade européia que fala de direitos humanos recusa-a terminantemente aos nascituros, aos velhos e aos doentes, pelo prisma da utilidade ou da inversão moral. Isso implica questões muito mais graves. A religião não é apenas atacada; é marginalizada, junto com seus adeptos religiosos. A militância atéia é absolutista. Qualquer defesa da vida pelo ponto de vista religioso deve ser sumariamente calada, senão, ignorada. A defesa sagrada da vida pela Igreja Católica é inútil, porque não é “científica”. Até porque o “sagrado” não existe. Os materialistas podem sacralizar a morte à vontade. Contudo, o direito à vida é questão de foro privado, posto que seja mera expressão de gosto ateu ou religioso. Daí a militância laicista dar vazão ao suicídio assistido como um “direito”. Isto, quando a religião cristã não é boicotada por leis ou normas, no sentido de restringir sua manifestação. O Estado laico, na sua concepção moderna, é totalmente inimigo da religião. É, ele próprio, uma espécie de deus.
A civilização cristã proibiu o incesto, a pedofilia e o infanticídio, relativamente comuns no mundo antigo; a modernidade quer restaurá-los. A civilização cristã nos ensinou o amor ao próximo; a modernidade quer nos tribalizar e dividir a humanidade em esquemas grupais, seja de raça, de classe, de nação, de sexo, entre outros. A civilização cristã nos invocou o valor sagrado da vida, gerado por uma inteligência superior e amorosa, que criou o universo; a modernidade quer destruí-la, em favor de um utilitarismo pseudo-científico, que transforma a vida humana num absurdo existencial e num mero composto orgânico descartável pelo desuso. A religião cristã nos exige o sentido da justiça e da caridade; a modernidade quer exaltar o poder iníquo dos governos e matar os fracos, por serem um estorvo. A civilização cristã nos educou para uma hierarquia absoluta de valores, seja na ação individual, seja na ação política; a modernidade quer varrê-las, para criar anti-valores, no sentido de distorcer a compreensão da realidade e mesmo da conduta humana. E a destruição do modelo familiar, dos laços morais, civis e políticos privados que defendem o indivíduo da ação hostil do Estado e mesmo de uma coletividade sombria, acaba por instituir uma burocratização sem precedentes da vida social, uma intervenção absolutista do governo em todos os aspectos da vida comum, fragmentando, isolando e esmagando os indivíduos. Os mesmos que preferem a proteção estatal paternalista a construir famílias, gerar filhos ou ter laços de amizade, infantilizados, imbecilizados pelo ogro filantrópico do Estado moderno. Eis o que nos promete o futuro, com a destruição do cristianismo. E isso já é um fato real na sociedade européia.
O fenômeno de cristianização da África e da Ásia, muito antes de ser uma manifestação de atraso, é um processo civilizatório autêntico, o mesmo que ocorreu na Europa, no começo da Idade Média. O africano que se torna cristão deixa de ver seu vizinho como um inimigo da tribo, para ser seu irmão, portador dos mesmos direitos e também filho de Deus. O chinês cristão, preso nas concepções holísticas totalitárias de sua cultura e da política, apela a uma força superior contra as inverdades do mundo que o aprisiona e se transforma em indivíduo real. O indiano cristão, que até então, aceitava o fatalismo da sociedade de castas, agradece pela sua conversão ao descobrir que sua vida tem mais valor do que ser um pária. Enfim, esse caráter abertamente renovador do cristianismo é que educa e civiliza toda uma humanidade. E da mesma forma que educou a sociedade européia, está educando os países pobres. E é bastante provável, um dia, que os países pobres invertam a ordem das coisas, ao educarem os países ricos no sentido de suas raízes civilizacionais cristãs ancestrais perdidas.
Os arautos do ateísmo falam da defesa da “civilização” contra o obscurantismo religioso. No entanto, que civilização o laicismo criou? O regime soviético, que foi um modelo laico e ateu de sociedade por excelência, não nos deixou legado algum de civilidade. O nazismo, outro modelo leigo e anticristão, também não há coisa digna de nota. Ambas foram tiranias monstruosas, que quase destruíram a civilização vigente, ao invés de construir uma. A Europa atual laica não serve de parâmetros culturais para ninguém. E se há uma sociedade que pode ser modelo de estabilidade, prosperidade e empreendimento é uma nação majoritariamente cristã, os Eua, que ainda preserva valores autênticos de fé religiosa. Os americanos quebram os parâmetros ateístas mentirosos que imputam a países pobres o aval da “barbárie” religiosa.
A civilização européia está doente. O laicismo não será páreo para a expansão islâmica que ocorre por toda a Europa, porque não apaixona, não contagia, não civiliza. O Velho Continente só preservará seus valores genuínos quando buscar as raízes cristãs geradoras de sua civilização. O ateísmo, na versão antiga e moderna, é pura expressão da decadência. O materialismo suga as energias criativas do mundo europeu, empobrece seu espírito, corrói as suas instituições, bestializa os seus homens. Se o passado dos laicistas engendrou nazismo e comunismo, a atualidade pode forjar coisas bem piores. O “admirável mundo novo” de ateus como Dawkins ou Harris nos promete muitas aflições. A salvação da civilização européia está em Cristo.

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